quarta-feira, 5 de maio de 2010

SOCIALISMO E COMUNISMO FANTASIOSOS NA HISTÓRIA


O aprendiz de história da humanidade, com um misto de inquietação e repulsa, se depara a cada momento com a pertinácia com que pessoas da estatura mental e espiritual de um Frei Betto, por exemplo, discorrem sobre a existência de socialismo e comunismo na atualidade dos últimos cem anos, utilizando-se de eufemismos, metáforas e circunlóquios como “socialismo real”, “socialismo burocrático” e quejandos.
Inquietação, pela perpetuação de uma inverdade, e repulsa, pelo desserviço ao não aprimoramento do conhecimento da história humana e da tomada de consciência libertária pelos oprimidos. Porque não há incorreção em se afirmar que o socialismo, como sistema de organização econômica, política, social e cultural dos povos e nações, não ocorreu em lugar algum do mundo. E muito menos ainda o comunismo.
Este, por sinal, fez uma aparição única, efêmera, nos primórdios da era cristã, como se lê em “A vida dos primeiros cristãos”, Atos dos Apóstolos, cap.2, 42 - 47: “Eram assíduos ao ensino dos Apóstolos, à união fraterna, à fração do pão, e às orações. Perante os inumeráveis prodígios e milagres realizados pelos Apóstolos, o temor dominava todos os espíritos. Todos os crentes viviam unidos e possuíam tudo em comum. Vendiam terras e outros bens e distribuíam o dinheiro por todos, de acordo com as necessidades de cada um. (grifo meu) Como se tivessem uma só alma, frequentavam diariamente o Templo. Partiam o pão em suas casas e tomavam o alimento com alegria e simplicidade de coração, louvando a Deus e tendo a simpatia de todo o povo. E o Senhor aumentava, todos os dias, o número dos que tinham entrado no caminho da salvação”. Foi batizado de “comunismo primitivo” pelos seguidores do socialismo científico do séc. XIX. 

Fato inconteste, a utopia do comunismo representa a última etapa de um processo histórico revolucionário, cujo início se dá com a tomada do poder pelos oprimidos. Na sequência, ocorre a instauração da “ditadura do proletariado”, infeliz e perigosa denominação dada por Lenin à etapa em que se busca consolidar o novo estado, a caminho da segunda etapa, o socialismo, com o lema “de cada um, de acordo com sua capacidade, e a cada um, de acordo com sua necessidade”. Ao fim e ao cabo, surge a terceira etapa, a etapa final, o comunismo. Etapa em que se dará a abolição do estado e os povos e nações constituirão uma comunidade livre, justa e solidária. Uma comunidade humana. A pessoa alguma pode ocorrer que o período de maturação das duas primeiras etapas do processo seja curto. A depender das circunstâncias, e do “andar da carruagem”, cada uma delas demandará longos anos de reeducação e de tomada de consciência dos novos paradigmas, das novas formas de relacionamento interpessoal e intrassocial. Não se assemelhará em nada à criação do “comunismo primitivo” dos primeiros cristãos, que se deu em processo religioso onde a fé era elemento essencial de aglutinação e sustentação. Uma questão essencial então se impõe. De onde, quando e como surgiu o ideal socialista? A origem dos ideais libertários que informam e conformam o socialismo, e o comunismo, por via de conseqüência, se perde nas brumas remotas do desenvolvimento da humanidade. É bem plausível presumir que ocorreu no momento em que o oprimido, o escravo, ou grupo de escravos, tomou consciência da situação de injustiça que sua condição representava. É o caso da revolta dos escravos, liderada por Spartacus, contra o império romano [120 a.C. - 70 a.C.]. Há cerca de 2.100 anos passados. Foi chamada de “Terceira Guerra Servil”, “Guerra dos Escravos” ou “Guerra dos Gladiadores”, porque Spartacus era um gladiador, nascido na Trácia, líder de um exército rebelde de quase 100 mil ex-escravos.
A origem do socialismo moderno, no entanto, data de fins do séc. XVIII, provocada pela reação da classe intelectual e movimentos políticos da classe trabalhadora contra os efeitos danosos da “industrialização” e da formação de uma sociedade de proprietários privados, os futuros capitalistas. Alguns apontam a Revolução Francesa [1789-1799] como ponto de partida do socialismo moderno. Na metade do séc. XIX, Marx [1818-1883], o maior teórico do socialismo até hoje, pregou que este mais não era do que a fase de transição do capitalismo para o comunismo. O que de fato hoje importa saber, porém, é que nem mesmo a revolução russa de Lenin [1917], e as que se lhe seguiram, a de Mao Tsé-Tung na China [1949] e a de Fidel Castro em Cuba [1959], chegaram a ultrapassar a primeira etapa do processo de transição, a etapa que Lenin em sua ingenuidade chamou de ditadura do proletariado. Uma coisa é afirmar que as revoluções citadas se inspiraram na utopia socialista-comunista, o que é correto. Outra, bem diferente, dizer que a Rússia, a China e Cuba, foram, são, paises socialistas e ou comunistas. O que é uma grossa e deslavada inverdade. O resto é balela, pregada e difundida pelos defensores do capitalismo, para melhor confundir a mente das pessoas. E se não houve socialismo, é evidente, também não houve comunismo.              
Em uma próxima postagem, buscarei esclarecer o porquê de “ditadura do proletariado” e também razões e motivos porque esta etapa é, por definição, um período turbulento, com derramamento de sangue, perda de vidas e restrição da liberdade política.
“O Socialismo é a tentativa de a humanidade superar e sobrepujar a fase predatória da evolução humana”.
Albert Einstein








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