domingo, 27 de novembro de 2011

CONHECIMENTO. SABEDORIA. UNIVERSIDADE DA VIDA.

“Ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo.”
Paulo Freire

A motivação da escritura deste arrazoado se assenta em comentário anônimo postado neste blog, que sobre o autor dizia “além de saber escrever “amazing awesome”, sua visão de mundo é ampla, vastíssima”. A par do imerecido grande “afago estimulante do ego de um aprendiz de bloguista”, a afirmativa deixou o autor encucado.

Demorada  reflexão sobre ela levou este escriba a concluir que o conhecimento e a sabedoria são com principalidade adquiridos na “Universidade da Vida”. São dezenas de milhares de professores, entre ilustres anônimos desconhecidos e personalidades famosas conhecidas, que ministram lições de vida dia a dia no transcorrer da trajetória de nossa passagem por “este mundo de meu Deus”.  Professorado que abarca um rol extenso de profissionais, desde empregados domésticos, pedreiros, carpinteiros, motoristas, taxeiros, garçons e outros, a escritores, artistas plásticos, políticos, governantes, servidores públicos, e quejandos. 

Na formação intelectual e espiritual do autor, parcela ponderável das lições maiores e mais constantes, desde os verdes anos da meninice, pode ser debitada a livros e escritores, cuja incompleta listagem, num esforço rememorativo, a começar por Admar Guimarães, o falecido pai de quem escreve, e sua obra “A Carta de Atenas”, entre outras, é dada a seguir, em ordem alfabética de enunciação. São eles: 1. Medeiros e Albuquerque, “Por Alheias Terras...”, “Se Eu Fosse Sherlock Holmes”, “Hipnotismo”; 2. Castro Alves, “O Navio Negreiro”; 3. Jorge Amado, “Os Capitães da Areia”; 4. Carlos Drummond de Andrade, “A Rosa do Povo”, “Claro Enigma”; 5. Mário de Andrade, “Macunaima”; 6. Ciro dos Anjos, “O Amanuense Belmiro”; 7. Machado de Assis, “Dom Casmurro”; 8. Aluízio de Azevedo, “O Cortiço”; 9. Isaac Azimov, “Eu, Robô”; 10. Honoré de Balzac, “Madame Bovary”; 11. J. M. Barrie, “Peter Pan”; 12. Frei Betto, “Batismo de Sangue”, “Cartas da Prisão”; 13. Earl Derr Biggers, “A casa sem chave”; 14. Leonardo Boff, “Igreja, Carisma e Poder”, “Jesus Cristo Libertador”, “A Graça Libertadora no Mundo”; 15. Edgar Rice Burroughs, “Tarzan, o Filho das Selvas”; 16. Antônio Calado, “Quarup”; 17. Ítalo Calvino, “O Castelo dos Destinos Cruzados”; 18. Dom Helder Câmara, “O Deserto É Fértil”; 19. Albert Camus, “O Avesso e o Direito”, “A Peste”; 20. Jose Raúl Capablanca, “Fundamentos do Xadrez”;  21. Arthur Clarke, “2001 - Odisseia no Espaço”; 22. Fritjof Capra, “O Tao da Física”, “O Ponto de Mutação”, “Sabedoria Incomum”; 23. Jean Cardonell, “Deus Morreu em Jesus Cristo”; 24. John Le Carré, “O Espião que Saiu Frio”; 25. Lewis Carroll, “Alice no País das Maravilhas”; 26. Josué de Castro, “Homens e Caranguejos”; 27. Miguel de Cervantes, “Don Quixote de la Mancha” para crianças; 28. Paul-Eugène Charbonneau, “Amor e Liberdade”, “Moral Conjugal no Século XX”; 29. Agatha Christie, “Os Doze Trabalhos de Hércules”; 30. Arthur Conan Doyle, “O Cão dos Baskervilles”, “O Signo dos Quatro”, “Um Estudo em Vermelho”; 31. Euclides da Cunha, “Os Sertões”; 32. Henrique Schützer Del Nero, “O Sítio da Mente”; 33. René Descartes, “Discurso do Método”; 34. Gonçalves Dias, “I-Juca Pirama”; 35. Fiódor Dostoievski, “Recordações da Casa dos Mortos”, “Crime e Castigo”, “Os Irmãos Karamazov”; 36. Peter Drucker, “Fronteiras do Amanhã”; 37. Alexandre Dumas. filho, “A Dama das Camélias”; 38. Alexandre Dumas. pai, “O Conde de Monte Cristo”, “Os Irmãos Corsos”,  “Os Três Mosqueteiros”; 39. Will Durant, “A História da Filosofia”; 40. Umberto Eco, “O Nome da Rosa”; 41. Albert Einstein, “Como Vejo o Mundo”; 42. Frederick Forsyth, “O Dia do Chacal”; 43. Anatole France, “O Lírio Vermelho”; 44. Jostein Gaardner, “O Mundo de Sofia”; 45. Roger Garaudy, “Do Anátema ao Diálogo”, “Palavra de Homem”; 46. Marcelo Gleiser, “A Dança do Universo”; 47. Nikolai Gogol, “O Inspetor Geral”; 48. Roberto Grau, “Tratado General de Ajedrez”; 49. Nathaniel Hawthorne, “A Letra Escarlate”; 50. Robert A. Heinlein, “Um Estranho numa Terra Estranha”, “O Homem que Vendeu a Lua”; 51. Ernest Hemingway, “O Velho e o Mar”, “Por Quem os Sinos Dobram”; 52. Hermann Hesse, “O Lobo da Estepe”, “O Jogo das Contas de Vidro”; 53. James Hilton,  "Horizontes Perdidos";  54. Leo Huberman, “História da Riqueza do Homem”; 55. Victor Hugo, “Os Miseráveis”; 56. Aldous Huxley, “Admirável Mundo Novo”, “A Filosofia Perene”; 57. Roman Jakobson, “Linguística e Comunicação”; 58. Rudyard Kipling, “Mowgli, O Menino Lobo”; 59. Milan Kundera, “A Insustentável Leveza do Ser”; 60. Hans Küng, “Ser Cristão”; 61. Maurice Leblanc, “Arsène Lupin”; 62. Sinclair Lewis, “Babbitt”; 63. Monteiro Lobato, “Reinações de Narizinho”, “As Caçadas de Pedrinho”, “O Saci”, demais histórias do “Sítio do Picapau Amarelo”; 64. Jacques Loew, “Jesus Chamado o Cristo”; 65. Jack London, “Caninos Brancos”, “O Grito da Selva”; 66. Kenneth Lux, “O Erro de Adam Smith”; 67. Norman Mailer, “O Evangelho Segundo o Filho”; 68. André Malraux, “A Condição Humana”; 69. Og Mandino, “O Maior Vendedor do Mundo”, “A Ressurreição de Cristo”; 70. Maquiavel, “O Príncipe”; 71. Gabriel Garcia Marques, “Cem Anos de Solidão”; 72. Roger Martin du Gard, “Jean Barois”; 73. William Somerset Maugham, “O Fio da Navalha”, “Servidão Humana”, “Histórias do Mares do Sul”;  74. André Maurois, “Liautey”,“Os Silêncios do Coronel Bramble”; 75. Karl May, “Winnetou”; 76. Herman Melville, “Moby Dick”; 77. Charles Morgan, “A História do Juiz”; 78. Thomas Merton, “Homem Algum É uma Ilha”; 79. Henry Miller, “Tempo dos Assassinos”, “Sexus”, “Plexus”, “Nexus”; 80. Walter M. Miller Jr, “Um Cântico para Leibowitz”; 81. Jacques Monod, “O Acaso e a Necessidade”; 82. Bernard D. Nossiter, “Os Criadores de Mitos”; 83. Chad Oliver, “Fronteiras da Eternidade”; 84. George Orwell, “1984”; 85. Raphael Patai, “O Mito e o Homem Moderno”; 86. L. Pauwell, & J. Bergier, “O Despertar dos Mágicos”; 87. Platão, “Diálogos: Menon, Banquete, Fedro”; 88. Afrânio Peixoto, “Fruta do Mato”, “Bugrinha”; 89. Edgar Allan Poe, “O Assassinato da Rua Morgue” e “O Corvo”; 90. Marcel Proust, “Em Busca do Tempo Perdido”; 91. Ellery Queen, “O Mistério dos Sapatos Holandeses”; 92. Daniel Quinn, “Ismael”; 93. Michel Quoist, “Poemas para Rezar”, “Construir o Homem e o Mundo”; 94. Graciliano Ramos, “Vidas Secas”; 95. Hans Reinhard Rapp, “Cibernética e Teologia”; 96. Joseph Ratzinger, “O Que É Ser Cristão”; 97. José Lins do Rego, “Menino de Engenho”; 98. Darcy Ribeiro, “Maira”, “O Povo Brasileiro”, “Migo”, “Utopia Selvagem”, “Eros e Tanatos”; 99. Henri Robert, “Os Grandes Processos da História”; 100. Herberto Sales, “Cascalho”; 101. Affonso Romano de Sant’Anna, “Drummond o Gauche no Tempo”; 102. Milton Santos, “Por uma Outra Globalização”; 103. José Saramago, “O Evangelho Segundo Jesus Cristo”; 104. William Shakespeare, “Obra Completa”; 105. Simon Singh, “O Último Teorema de Fermat”; 106. Pieter Smulders, s.j. , “A Visão de Teilhard de Chardin”; 107. John Steinbeck, “As Vinhas da Ira”; 108. Stendhal, “O Vermelho e o Negro”; 109. Robert Louis Stevenson, “A Ilha do  Tesouro” e “O Médico e o Monstro”; 110. Jonathan Swift, “As Viagens de Gulliver”; 111. Mortimer Taube, “Os Computadores, o Mito das Máquinas Pensantes”; 112. Valfredo Tepe, “O Sentido da Vida”; 113. Henry David Thoreau, “Walden ou A Vida nos Bosques”, “A Desobediência Civil”; 114. Leon Tolstoi, “Guerra e Paz”; 115. Mark Twain, “As Aventuras de Tom Sawyer”, “O Príncipe e o Mendigo”; 116. Stewart L. Udall, “A Crise Silenciosa”; 117. Érico Veríssimo, “Olhai os Lírios do Campo”; 118. Júlio Verne, “A Volta ao Mundo em Oitenta Dias”, “Miguel Strogoff, o Correio do Czar”, “Vinte Mil Léguas Submarinas”, “Viagem ao centro da terra”; 119. H. G. Wells, “A Guerra dos Mundos”; 120. Morris West, “O Herege”, “As Sandálias do Pescador”, “O Verão do Lobo Vermelho”; 121. Norbert Wiener, “Cibernética e Sociedade”; 122. Oscar Wilde, “O  Retrato de Dorian Grey”;  123. Émile Zola, “Germinal”, “Eu Acuso”; 124. Stefan Zweig, “Brasil, País do Futuro”. 

Vale assinar que outras obras dos autores elencados fazem parte do acervo de leituras que edificaram e deleitaram quem este escreve.                                                                                            

Há, no âmbito político, dois importantes nomes de pessoas bem conhecidas que, por uma questão de justiça, se não  pode deixar de mencionar, seja pela influência exercida por uma delas quer pela admiração que ambas conquistaram: Virgildásio de Senna, prefeito municipal da Cidade do Salvador, eleito em 1962 pelo voto popular e deposto em Abril de 1964 pela ditadura militar, por acirrado indigitamento e perseguição política de ACM; e Chico Alencar, deputado federal pelo PSOL/RJ, por três vezes consecutivas eleito, pelos jornalistas que cobrem o Congresso Nacional, o melhor deputado federal do Brasil, cujo mandato recebe acompanhamento virtual com constância e atenção.

Na caminhada do autor, dois períodos fazem jus a assinalamento: o que medeia entre o segundo quadrimestre de 1969 e o último de 1980, e o que se lhe segue de imediato, compreendido entre o segundo semestre de 1981 e meados de 1987. O primeiro engloba as atividades de evangelização de jovens e adultos na Arquidiocese de São Salvador da Bahia, quando foi dado ao autor conhecer em pessoa as figuras imponentes de Dom Eugênio Sales e Dom Avelar Brandão Vilela, e a de conviver com pessoas inesquecíveis de religiosos católicos como Dom Valfredo Tepe, Padres José Marins, Albertino Carneiro, Gardenal, Bértoli, Kelmendi, teólogo Cláudio Perani, outros,  a par com companheiros leigos incomparáveis a começar por Bila e Jorge Lepikison, Elisa e Calmon de Passos, Carmita e Hermann Overbeck, Rute e Renato Mesquita, Vasco Neto, Wilde Lima, Erwin Morgenroth, Paulo Segundo da Costa, um veterano colega de profissão, Júlio César Alban, o Topo Gigio, Rufino, Alexandre, e tantos outros cujos nomes se perdem nas brumas insondáveis da memória profunda. O outro marca as atividades politicopartidarias do autor no PT - Partido dos Trabalhadores, aonde ingressou levado pelas mãos de José Sérgio Gabrielli, com quem ajudou a construir e a consolidar o partido na Bahia.  Nesta tarefa, executada com êxito, contou ainda com a convivência de numerosos companheiros, entre os quais é justo nomear Jorge Almeida, o Macarrão, Jaques Wagner, Genildo Batista, "in memoriam", Franklin de Oliveira Jr, a Galega, Jaime Cunha, Henrique Almeida, o Labareda, Janete Oliveira, Luiz Eugênio, Edival Passos, Regina e Renato Affonso de Carvalho, Jorge Solla, Cristina e Paulo Balanco, Paulo Pontes, Sérgio Miranda,  Plínio, Geravina Aguiar e muitos outros. Cabe registrar as candidaturas assumidas: a Senador, 1982, com participação  em memorável debate televisivo com Luiz Vianna Filho e Waldir Pires; a Vice-Prefeito de Salvador, 1985, em chapa com Jorge Almeida; a deputado estadual, 1986.

É este conjunto, complexo e multifacetado, de leituras, relacionamentos, atividades, ações, fatos da vida, que compõe a chamada “Universidade da Vida” e é nele que se assenta o conhecimento e emerge a sabedoria. No fim deste arrazoado, de viés algo autobiográfico, e a titulo de justificativa, parece oportuno dizer que o conhecimento é um processo iterativo das lições da vida, de aceitação, rejeição, acumulação,  enquanto a sabedoria é o resultado de um processo de seleção, assimilação, e interiorização do conhecimento.

“A vida é uma sucessão ininterrupta de momentos de duração variável”. 

“Quanto mais se sabe que se sabe, mais se sabe que se sabe pouco, muito pouco”.

Guimarães, S. V.

Acréscimo à listagem de escritores, não mais em ordem alfabética, que deixaram de ser nomeados  por falha de memória: 125. Edmond Rostand, "Cyrano de Bergerac"; 126. Edgar Morin, "Os Sete Saberes Necessários à Educação do Futuro". 

 

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Ajedrez con Fundamentos: Lasker: El rey eterno del ajedrez

Ajedrez con Fundamentos: Lasker: El rey eterno del ajedrez

Desde muito cedo, talvez aos 18, pois comecei a mejer los trebejos a los 16 aninhos de idade, me encantei com o jogo de Em. Lasker, ao acompanhar suas partidas em "Tratado General de Ajedrez", de Roberto Grau, el grán campeón de Argentina na primera mitade del siéculo XX. O estudo de suas partidas, inclusos as com os más grandes mestres da época, Tschigorin, Steinitz, Capablanca, "the perfection in chess", Alekhine, el grán campeón del mundo, Mikhail Botvinnik, Nimzovich e muitas outras, contribuiram de forma ponderável para que realizasse duas façanhas, guardadas as devidas proporções: alcançar a primeira categoria do xadrez baiano em 1951 e conquistar o campeonato absoluto da Bahia sete avos após. Tomando o título de um já por vinte anos seguidos campeão. Adotei Em. Lasker como meu paradigma a quem, mais tarde, juntei Botvinnik. Fica claro assim porque endosso este texto.

Desde muito cedo, talvez aos 18, pois comecei a mejer los trebejos a los 16 aninhos de idade, me encantei com o jogo de Em. Lasker, ao acompanhar suas partidas em "Tratado General de Ajedrez", de Roberto Grau, el grán campeón de Argentina na primera mitade del siéculo XX. O estudo de suas partidas, inclusos as com os más grandes mestres da época, Tschigorin, Steinitz, Capablanca, "the perfection in chess", Alekhine, el grán campeón del mundo, Mikhail Botvinnik, Nimzovich e muitas outras, contribuiram de forma ponderável para que realizasse duas façanhas, guardadas as devidas proporções: alcançar a primeira categoria do xadrez baiano em 1951 e conquistar o campeonato absoluto da Bahia sete avos após. Tomando o título de um já por vinte anos seguidos campeão. Adotei Em. Lasker como meu paradigma a quem, mais tarde, juntei Botvinnik. Fica claro assim porque endosso este texto.