quarta-feira, 31 de março de 2010

AMOR E ÉTICA

Mostrar a existência de inerente, intrínseca, relação entre Amor e Ética, é o escopo do texto. Que o amor é o âmago da ética, sua essência, e que está no centro dela, é o que busca expor. Não é uma tarefa fácil. E uma questão necessária se antepõe: definir amor e ética.
Amor não é só ou apenas Eros, é também, com principalidade, Ágape. Eros é desejo, emoção, paixão. Ágape é relacionamento, confraternização, comunhão. Eros é pulsão de vida. Ágape é comportamento na comunidade. Eros é instintivo. Ágape é reflexivo. Ágape, amor-comunhão, forte e viril, é, sem dúvida, o valor maior da humanidade. É um valor universal. Dá consistência, integridade, inteireza, a todos os demais valores e os transforma em virtude, força criadora e construtiva do crescimento humano.
Ética, do grego “éthos”, significa costume, moral, e, ainda, modo de ser, caráter. Não é fácil definir ética e comum é confundir-se ética com moral. Ética e moral, pela etimologia, são sinônimas, mas há distinção substancial entre as duas. Moral diz respeito a usos e costumes. Ética se refere ao caráter, modo de ser, das pessoas. A moral é normativa, um conjunto de regras, preceitos, normas, costumes, definidor do que é bom e mau para as pessoas. A ética é especulativa, orienta a escolha entre o que é bom e mau, justo ou injusto, nas relações pessoais. Ética se ocupa com o bem e o mal, Trata de valores como beleza, bondade, justiça, e outros mais. E aqui Ética e Amor se encontram, se fundem, porque os valores sobre que se debruça a primeira são os mesmos que o segundo legitima.
As pessoas de boa vontade, as pessoas de bem, sabem que o mundo de nossos dias, cada vez mais conturbado, vivencia uma crise de valores avassaladora e sem precedente. Liberdade, igualdade e fraternidade; solidariedade, generosidade e compaixão; coerência, autenticidade e sinceridade; compreensão, tolerância e humildade; fidelidade, honestidade e integridade; honra, justiça, paz e mais alguns, constituem um feixe de valores que se tornaram escassos e até mesmo ausentes no contexto das ações humanas e das relações entre pessoas, etnias, povos e nações.
Pois bem. Esses valores são validados e legitimados pelo amor. Sem a fecundação do amor, não passam de valores ocos, inoperantes, inconsistentes. Não são mais que valores de fachada, de ostentação, sem qualquer compromisso de ação concreta e prática. Meras palavras soltas ao vento... Esta crise mundial se traduz, para as pessoas comuns, em falta de ética, falta de vergonha na cara, corrupção. O fato é que esta crise encobre uma questão maior: ela aponta para a ausência de amor no relacionamento entre os seres humanos. Falta de amor, falta de ética: é o que o texto se propôs demonstrar.
Antes do ponto final, algumas palavras para tentar desfazer grande confusão que há na cabeça das pessoas, na maioria simplórias e desinformadas, presa fácil da mídia grande a serviço dos interesses espúrios de quem a controla. É corrente ouvir-se falar de política enganadora, governo corrupto, empresa velhaca, e quejandos. Em altos brados, pede-se ética na política, seriedade no governo, honestidade na economia. Grave equívoco. Faz-se confusão entre o gênero, as instituições, e a coisa, as pessoas. Enganadores, corruptos e velhacos são os políticos, os governantes, os empresários e não as diferentes entidades que eles dirigem e onde se abrigam e locupletam. É urgente compreender isso com clareza. Fazer tal confusão é ausência de amor e falta de ética. É erro semelhante a falar em vidro, quando se quer referir a frasco; pedir uma brahma, quando se deseja beber cerveja; barbear-se com gilete em vez de usar lamina de barbear; e muitos outros exemplos semelhantes.
Inócuo é, então, ficar pedindo ética nas instituições em lugar de exigir comportamento ético de seus dirigentes. A hora de começar a compreender essas coisas é agora. O mundo está maduro para uma grande e indispensável mudança. Urge transformar o célebre grito histórico de “Liberdade! Igualdade! Fraternidade!” em clamor público por Amor! Justiça! Paz!

segunda-feira, 29 de março de 2010

ESCOPO DO BLOG

Em um planeta contaminado, corrompido e devastado pelo Capitalismo, que estende a todos os cantos e recantos da Terra os tentáculos gananciosos e destruidores do Consumismo desbragado e descartável, do Mercado insaciável e predatório, e da Globalização financeira avassaladora e irresponsável, urge que Alguém saia mundo afora, qual cavaleiro errante, um Dom Quixote de viseira erguida e lança em riste, revestido com a armadura da Indignação e cingido com o manto da Utopia, a combater moinhos de vento e os fantasmas bem palpáveis da fome e da desnutrição, da ignorância e das doenças, da marginalização e da exclusão, da medo violência e do terror da opressão, em defesa de sua Dulcinéia, a liberdade e a justiça. Este espaço está aberto a qualquer pessoa, quer comungue com este ideal e o compartilhe com destemor e firmeza, quer não. Embora voltado para a elucubração e veiculação de questões pertinentes ao debate da POLÍTICA e construção da CIDADANIA, ambas com todas as letras maiúsculas, sob a égide do Amor, não há qualquer restrição de assunto, desde que abordado e tratado com o respeito e civilidade. As artes, a ciência e a filosofia também aqui receberão acolhimento prazeroso e atento.
“A verdade é uma terra sem caminhos”, diz Krishnamurti, e neste blog cada qual será convidado a desbravá-la em busca da própria verdade e do próprio caminho.

QUEM SOU


Sou católico por nascimento, cristão por opção adulta e comunista pela observação atenta dos fatos da vida. Comunista cristão, bem entendido, ou comunista primitivo, na formulação dos comunistas marxistas, para distinguir de seu socialismo científico. Desde muito cedo me engajei no combate a qualquer forma de injustiça, o que acabou por me levar, em plena maturidade, a me filiar a um partido político, o Partido dos Trabalhadores - PT, que ajudei a construir e consolidar na Bahia, idos de 1981-1987. Gozei o privilégio de ser o primeiro candidato a senador pelo partido na Bahia e também assumi a candidatura a Vice-Prefeito da Cidade do Salvador, ao lado do companheiro Jorge Almeida, candidato a Prefeito. Por fim me lancei na aventura de uma eleição a deputado estadual, 1986, depois do que, um ano depois, me afastei da militância ativa. Hoje, quase trinta anos depois, desencantado com os ‘rumos conservadores’ do PT, que conspurcou os ideais e princípios de sua criação, dele me desliguei e ingressei no PSOL, princípios de 2009. Hoje em dia, uns oito anos já, minhas atividades públicas estão dirigidas às de membro efetivo do Instituto de Formação Cidadã Dom Helder Câmara - IDHEC, em Jaguaquara.