quinta-feira, 26 de agosto de 2010

O VOTO NULO

O dia 3 de outubro se aproxima com celeridade. Faltam pouco menos de quarenta dias para que a cidadã e o cidadão enfrentem as urnas para decidir sobre os destinos do país. É hora, então, de falar do voto nulo.

O voto nulo é uma questão de cultura. É consequência direta das circunstâncias políticas, econômicas e socioculturais em que o eleitorado está imerso. Por que as pessoas no Brasil votam nulo?

As razões e motivos são:
  1. a maioria porque nenhum candidato presta;
  2. muitas porque os candidatos são quase todos ladrões e muitos que não o são passam a ser, seduzidos pelas benesses do poder;
  3. outras porque é bom instrumento de negação do processo eleitoral, dessa bagunça generalizada;
  4. outras tantas porque não reconhecem o voto e a democracia representativa como formas legítimas de se fazer política;
  5. algumas porque acreditam nessa manifestação contra o sistema em geral, contra o próprio estado, caso dos anarquistas, contra a democracia, sim, nem todo mundo a acha linda, contra a lógica eleitoral;
  6. algumas outras porque não reconhecem a democracia representativa, o voto obrigatório, e defendem uma democracia participativa, direta.
E deve haver outras e outros. Mas estão equivocados, porque o voto nulo não é instrumento adequado para resolver todas as questões postas, que reconheço legítimas. Só a construção de outro mundo possível, e desejável, pode dar solução a todas elas. Isto requer a união de todos os que pensam diferente dos que defendem o capitalismo, um sistema cruel, desumano e perverso de organização econômica, política, social e cultural.

A posição do autor sobre o voto nulo é bem clara. E se adequa às circunstâncias em que se está submerso no país. Circunstâncias em que se vive e até se respira. O voto nulo é omissão. E omissão é o maior pecado porque é o pecado contra a esperança. Para as eleições de 2008, que ocorreram dois anos atrás, o autor escreveu o texto "alerta e chamamento ao eleitorado", em que expõe com clareza seu pensamento. Vamos a ele.

Alerta e chamamento ao eleitorado.

As eleições, ainda que paroquiais, se aproximam com celeridade. Dentro de uns quinze dias, mais uma vez o povo é chamado para, pelo poder do voto, exercer a cidadania. O voto é um direito e um dever, num mesmo passo. Uma ação afirmativa.

Uma questão se antepõe: em quem votar?

Em princípio, o voto deve ser dado ao candidato que se considera irá conduzir bem a coisa pública, os destinos da cidade, do município. Na prática, se vota no bom candidato e, se há mais de um bom, no melhor. Mas, e se todos os candidatos são ruins? Aí a coisa se complica.

O voto nulo ou o voto em branco não são soluções. Tampouco a abstenção. O voto nulo é o "voto de Pilatos, o de "lavar as mãos". É abdicar, abrir mão do direito e do dever de decidir. É transferir para outros a decisão sobre os destinos da cidade, do município. Votar nulo é ficar "em cima do muro". Com um agravante: ao contrário daqueles que ficam em cima do muro para tirar partido, pular para o lado vitorioso, quem vota nulo não tem "lado vitorioso" pra onde pular. O voto em branco pode significar um voto de protesto, mas não leva a nenhuma solução concreta, já que os votos em branco não pesam, não contam.

Que fazer, então? Se abster? Também não é boa saida. E se assemelha ao voto nulo. Também ocorre a abdicação do direito e do dever de decidir. O que resta é votar no menos ruim, no menos pior. No candidato ruim que, em nossa avaliação, irá ser menos nocivo à comunidade, aos destinos da cidade e do município. Naquele candidato ruim que irá causar menos dano a todos, que irá ser menos pernicioso. É uma solução intragável, intolerável, mas heroica. Não há outra solução válida e efetiva para o exercício da cidadania consciente.

Arnold Toinbee, extraordinário historiador inglês, disse que "O maior castigo para aqueles que não se interessam por política é serem governados pelos que se interessam". Digo, parodiando, que "O maior castigo para aqueles que não votam é serem governados por alguem eleito pelos que votam".

Exerça seu direito e cumpra seu dever de pôr em ação sua cidadania. Vote no menos pior que, nas circunstâncias, é votar no melhor. Pelo amor ao Município, ao Estado e ao País, NÃO VOTE NULO!

A abstenção, o voto nulo ou o voto em branco não levam a coisa alguma.

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