quarta-feira, 14 de março de 2012

ASSIM É SE LHE PARECE...

 
“O essencial é invisível aos olhos” Saint Éxupèry
A essência é imperceptível aos sentidos Guima

No mundo dos dias atuais, em que o homo sapiens sapiens se esforça por sobreviver e a humanidade é controlada.dominada.subjugada pelo guante do capitalismo, via suas quatro garras malignas, a econômica do mercado avassalador, a política da pseudodemocracia representativa, a social do consumismo desbragado e amor líquido efêmero, e a cultural do endeusamento ególatra do indivíduo, cada vez mais, à medida que os dias vão se sucedendo, o ter assume uma predominância imoral e o ser se torna desprezível, enquanto, via de consequência, as aparências são exaltadas e a essência perde sentido fundamental e o primado outorgado pela natureza. 


Entre os escritos de Luigi Pirandello, dramaturgo siciliano, prêmio Nobel de 1934, há um, “Assim é (se lhe parece)”, já no século XIX, em que põe o dedo nesta ferida.  As gentes, em sua proverbial sabedoria, cunhou vários ditos que expressam isto com clareza meridiana: “quem vê cara não vê coração”, “o livro não se conhece pela capa”, “as aparências enganam”, e tantos outros de mesmo sabor e correção. Na peça, o autor se diverte e brinca com realidade.ilusão, a ilusão da realidade vista pelas diferentes óticas com que pode ser vista.apreciada.entendida pelos que a examinam. E aí é que as aparências se põem no lugar das essências e... as distorções correm o mundo, evidenciando com impiedade as contradições humanas na busca de uma verdade. E o ter toma sem cerimônia o lugar do ser.



É o que acontece com aquelas pessoas para quem “fora do capitalismo não há salvação”. Engraçado, se não fora cruel, no mínimo ver como uma coisa ou fato pode se modificar tanto a depender do olhar de cada pessoa, de cada observador. Um parêntese, chistoso mas esclarecedor, se impõe aqui para mostrar a validade de testemunhas em caso de crime de assalto, com ou sem morte da vítima, na versão de um de nossos humoristas, creio que Chico Anísio: uma testemunha declarou que o assaltante era baixo, gordinho e careca, enquanto outra que ele era alto, magro e com longos cabelos pretos



Na história econômica da humanidade, grosso modo, os sistemas produtivos se iniciam com o escravismo, passam pelo feudalismo, pelo mercantilismo, antessala do capitalismo, até chegar a este, que nasceu de erro gravíssimo cometido por Adam Smith ao conceituar que seria o interesse próprio, “self interest”, o móbil gerador da riqueza das nações. Sabe-se também de mais dois sistemas, o primitivo e o asiático, este em particular na China, que se perdem nas brumas do passado. Hoje, “hic et nunc”, está mais que comprovada a natureza cruel, desumana e perversa do capitalismo, responsável pela injustiça, pelo sofrimento e pelas mazelas que afligem e assolam a humanidade, o mundo, e depreda e destrói o planeta. A crise de 2007-2008, que agora inicia surto de agravamento, ver Europa, Grécia em particular, não nos deixa mentir, sequer ser tendencioso. Mas os menos de um por cento de beneficiários locupletos, que estão em companhia de inocentes úteis, gratuitos ou pagos a peso de ouro, prosseguem com a ladainha “fora do capitalismo não há salvação”. Então, para infelicidade geral, só resta dizer “Assim é (se lhe parece)”.




“O CAPITALISMO RETRATA A MALDADE INTRÍNSECA. É MAU EM SI MESMO. PORQUE NELE NÃO HÁ ESPAÇO, LUGAR, PARA O AMOR. NEM PARA A JUSTIÇA E A PAZ. E TAMPOUCO PARA A LIBERDADE E A FRATERNIDADE.” Guima .

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