sábado, 24 de dezembro de 2011

FELIZ NATAL! De Alzira e Guima.

Ave! Rebentos, Brotos, Manos, Amigos da galera. Aleluia! O mais festejado dia da Cristandade se aproxima a passos largos. Nestes dias conturbados e loucos pela ação ruinosa do capitalismo, é bom reafirmar o que se festeja e celebra.
Na origem, o Natal evoca uma cena singela. Na manjedoura de uma estrebaria, em Belém, uma criança recemnascida dorme sobre as palhas, envolta nos trapos em que a mãe a agasalhou. No entorno, a circundar os pais em muda admiração, um burrinho, boi, vaca, bezerrinhos e outros animais que haviam procurado abrigo com o cair da noite. Mais tarde, conta a história, a eles se agregam três Reis Magos, que vieram do Oriente para homenagear o menino, trazendo ricos presentes: ouro, incenso e mirra.
Que este cenário, simples e ingênuo, penetre fundo até o âmago de nossos corações nesta noite em que celebramos o nascimento do Homem de Nazaré, de nome Jesus, depois chamado o Cristo. Elevemos aos ares nossas vozes e cantemos, com emoção e enlevo:
“Hosanas nas alturas! Bendito o que vem em nome do Senhor! Hosanas nas alturas!” 
São os sinceros votos de Alzira e Sérgio para todos, extensivos aos entes queridos. E ainda desejamos que haja “Paz na terra aos homens de boa vontade!” e que os anjos digam Amém!
2011! Boas Festas! Feliz Natal! Um Novo Ano pleno de saúde, grávido de alegrias, e imerso em amor. 2012! 

domingo, 4 de dezembro de 2011

COMPARAÇÃO ESCLARECEDORA: MUNDO CAPITALISTA E OUTRO MUNDO POSSÍVEL.

Guimarães S V*
 
Na primeira edição de “O Caminho - Partilhando Vida”, Dezembro de 2008, frei Rutiwalter, falou com muita propriedade, em “Os Dez Mandamentos da Atualidade”, sobre a decadência da civilização ocidental cristã, da pouca importância que hoje se dá aos Dez Mandamentos da tábua de Moisés, da apatia da opinião pública em relação às transgressões da Lei de Deus, enfim dos graves problemas que hoje afligem a humanidade. Mas não apontou as origens do agravamento de todas estas mazelas. Faltou por o dedo na ferida: dizer que o capitalismo, de modo subreptício e subliminar, contaminou a mente, a alma e o coração das pessoas, pela instituição do consumismo, com o uso da ferramenta específica da propaganda, do marketing, fazendo tábua rasa dos valores que dignificam o ser humano, a começar pelo banimento do amor, da justiça e da paz. Aliás, é bom se atentar para o apropriado tema “Fraternidade e Segurança Pública” da Campanha da Fraternidade para 2009 e seu importantíssimo lema “A PAZ É FRUTO DA JUSTIÇA”. O texto abaixo torna claro, patente, a responsabilidade direta do capitalismo pela escalada da violência e pelo abjeto estado atual de sobrevivência da humanidade. 

Comparação esclarecedora: mundo capitalista e outro mundo possível.

O capitalismo é, na origem, um sistema de organização econômica surgido da utopia de Adam Smith, “um filósofo moral que criou a economia e pôs fim à moralidade”, que se transformou em um sistema de organização política, econômica, social e cultural, cruel, desumano, perverso. 

São primados deste sistema:
[1] o lucro, a qualquer preço;
[2] a competição, exacerbada e predatória;
[3] o indivíduo, ególatra e estéril. 

Com estes fundamentos, as conseqüências diretas da aplicação do sistema são: falta de amor, em primeiro lugar; injustiça e guerra; fome e desnutrição, miséria e pobreza, doença e falta de higidez, ignorância e  desinformação; violência e medo; dominação, corrupção e subserviência;  marginalização e exclusão; consumismo e predomínio do ter sobre o ser. Enfim, carência total dos valores que dignificam o ser humano.

O outro mundo possível, e desejável, deverá ser regido por um sistema de organização política, econômica, social e cultural, humano, justo, benfazejo.

Serão primados deste sistema:
[1] a dignidade da pessoa humana, acima de tudo;
[2] a cooperação, fraterna e produtiva; 
[3] a comunidade, solidária e fecunda.

Os frutos deste sistema, com origem em seus fundamentos, serão:  abundância de amor, em primeiro lugar; justiça e paz; inclusão de todos e  prosperidade universal; liberdade e fraternidade; igualdade e solidariedade;  compaixão e generosidade; autenticidade e coerência; integridade e honestidade; predomínio do ser sobre o ter; e todos os demais valores que são inerentes ao ser humano e o dignificam.

Perguntaschave

No mundo capitalista, são três:
[1] quanto vale a própria mãe?
[2] como vender mais para ganhar mais?
[3] que fazer para ter ainda mais?

No outro mundo possível, a pergunta é única, uma só:
[1] você respeita a vida, o outro, diferente e igual, a diversidade?

As perguntaschave são vitais para se fazer uma escolha. Que escolha é possível? Quem escolhe o que? A consciência de cada um que faça a escolha.

Uma palavra final: o capitalismo é intrinsecamente mau. É mau em si mesmo. Porque nele não lugar para o Amor. Nem para a Justiça e nem para a Paz. Pois a Paz é obra da Justiça e fruto do Amor. Sem Justiça não há Paz. Sem Amor não há Justiça. Nem Paz.



*Guimarães, Sérgio Vladimiro, é membro do Instituto de Formação Cidadã Dom Helder Câmara - IDHEC, Jaguaquara - BA.

 
Explicação necessária: Este texto foi escrito em Janeiro de 2009 para ser publicado no jornalzinho “O Caminho - Partilhando Vida”, da paróquia de Jaguaquara BA, o que não ocorreu.

      


     

domingo, 27 de novembro de 2011

CONHECIMENTO. SABEDORIA. UNIVERSIDADE DA VIDA.

“Ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo.”
Paulo Freire

A motivação da escritura deste arrazoado se assenta em comentário anônimo postado neste blog, que sobre o autor dizia “além de saber escrever “amazing awesome”, sua visão de mundo é ampla, vastíssima”. A par do imerecido grande “afago estimulante do ego de um aprendiz de bloguista”, a afirmativa deixou o autor encucado.

Demorada  reflexão sobre ela levou este escriba a concluir que o conhecimento e a sabedoria são com principalidade adquiridos na “Universidade da Vida”. São dezenas de milhares de professores, entre ilustres anônimos desconhecidos e personalidades famosas conhecidas, que ministram lições de vida dia a dia no transcorrer da trajetória de nossa passagem por “este mundo de meu Deus”.  Professorado que abarca um rol extenso de profissionais, desde empregados domésticos, pedreiros, carpinteiros, motoristas, taxeiros, garçons e outros, a escritores, artistas plásticos, políticos, governantes, servidores públicos, e quejandos. 

Na formação intelectual e espiritual do autor, parcela ponderável das lições maiores e mais constantes, desde os verdes anos da meninice, pode ser debitada a livros e escritores, cuja incompleta listagem, num esforço rememorativo, a começar por Admar Guimarães, o falecido pai de quem escreve, e sua obra “A Carta de Atenas”, entre outras, é dada a seguir, em ordem alfabética de enunciação. São eles: 1. Medeiros e Albuquerque, “Por Alheias Terras...”, “Se Eu Fosse Sherlock Holmes”, “Hipnotismo”; 2. Castro Alves, “O Navio Negreiro”; 3. Jorge Amado, “Os Capitães da Areia”; 4. Carlos Drummond de Andrade, “A Rosa do Povo”, “Claro Enigma”; 5. Mário de Andrade, “Macunaima”; 6. Ciro dos Anjos, “O Amanuense Belmiro”; 7. Machado de Assis, “Dom Casmurro”; 8. Aluízio de Azevedo, “O Cortiço”; 9. Isaac Azimov, “Eu, Robô”; 10. Honoré de Balzac, “Madame Bovary”; 11. J. M. Barrie, “Peter Pan”; 12. Frei Betto, “Batismo de Sangue”, “Cartas da Prisão”; 13. Earl Derr Biggers, “A casa sem chave”; 14. Leonardo Boff, “Igreja, Carisma e Poder”, “Jesus Cristo Libertador”, “A Graça Libertadora no Mundo”; 15. Edgar Rice Burroughs, “Tarzan, o Filho das Selvas”; 16. Antônio Calado, “Quarup”; 17. Ítalo Calvino, “O Castelo dos Destinos Cruzados”; 18. Dom Helder Câmara, “O Deserto É Fértil”; 19. Albert Camus, “O Avesso e o Direito”, “A Peste”; 20. Jose Raúl Capablanca, “Fundamentos do Xadrez”;  21. Arthur Clarke, “2001 - Odisseia no Espaço”; 22. Fritjof Capra, “O Tao da Física”, “O Ponto de Mutação”, “Sabedoria Incomum”; 23. Jean Cardonell, “Deus Morreu em Jesus Cristo”; 24. John Le Carré, “O Espião que Saiu Frio”; 25. Lewis Carroll, “Alice no País das Maravilhas”; 26. Josué de Castro, “Homens e Caranguejos”; 27. Miguel de Cervantes, “Don Quixote de la Mancha” para crianças; 28. Paul-Eugène Charbonneau, “Amor e Liberdade”, “Moral Conjugal no Século XX”; 29. Agatha Christie, “Os Doze Trabalhos de Hércules”; 30. Arthur Conan Doyle, “O Cão dos Baskervilles”, “O Signo dos Quatro”, “Um Estudo em Vermelho”; 31. Euclides da Cunha, “Os Sertões”; 32. Henrique Schützer Del Nero, “O Sítio da Mente”; 33. René Descartes, “Discurso do Método”; 34. Gonçalves Dias, “I-Juca Pirama”; 35. Fiódor Dostoievski, “Recordações da Casa dos Mortos”, “Crime e Castigo”, “Os Irmãos Karamazov”; 36. Peter Drucker, “Fronteiras do Amanhã”; 37. Alexandre Dumas. filho, “A Dama das Camélias”; 38. Alexandre Dumas. pai, “O Conde de Monte Cristo”, “Os Irmãos Corsos”,  “Os Três Mosqueteiros”; 39. Will Durant, “A História da Filosofia”; 40. Umberto Eco, “O Nome da Rosa”; 41. Albert Einstein, “Como Vejo o Mundo”; 42. Frederick Forsyth, “O Dia do Chacal”; 43. Anatole France, “O Lírio Vermelho”; 44. Jostein Gaardner, “O Mundo de Sofia”; 45. Roger Garaudy, “Do Anátema ao Diálogo”, “Palavra de Homem”; 46. Marcelo Gleiser, “A Dança do Universo”; 47. Nikolai Gogol, “O Inspetor Geral”; 48. Roberto Grau, “Tratado General de Ajedrez”; 49. Nathaniel Hawthorne, “A Letra Escarlate”; 50. Robert A. Heinlein, “Um Estranho numa Terra Estranha”, “O Homem que Vendeu a Lua”; 51. Ernest Hemingway, “O Velho e o Mar”, “Por Quem os Sinos Dobram”; 52. Hermann Hesse, “O Lobo da Estepe”, “O Jogo das Contas de Vidro”; 53. James Hilton,  "Horizontes Perdidos";  54. Leo Huberman, “História da Riqueza do Homem”; 55. Victor Hugo, “Os Miseráveis”; 56. Aldous Huxley, “Admirável Mundo Novo”, “A Filosofia Perene”; 57. Roman Jakobson, “Linguística e Comunicação”; 58. Rudyard Kipling, “Mowgli, O Menino Lobo”; 59. Milan Kundera, “A Insustentável Leveza do Ser”; 60. Hans Küng, “Ser Cristão”; 61. Maurice Leblanc, “Arsène Lupin”; 62. Sinclair Lewis, “Babbitt”; 63. Monteiro Lobato, “Reinações de Narizinho”, “As Caçadas de Pedrinho”, “O Saci”, demais histórias do “Sítio do Picapau Amarelo”; 64. Jacques Loew, “Jesus Chamado o Cristo”; 65. Jack London, “Caninos Brancos”, “O Grito da Selva”; 66. Kenneth Lux, “O Erro de Adam Smith”; 67. Norman Mailer, “O Evangelho Segundo o Filho”; 68. André Malraux, “A Condição Humana”; 69. Og Mandino, “O Maior Vendedor do Mundo”, “A Ressurreição de Cristo”; 70. Maquiavel, “O Príncipe”; 71. Gabriel Garcia Marques, “Cem Anos de Solidão”; 72. Roger Martin du Gard, “Jean Barois”; 73. William Somerset Maugham, “O Fio da Navalha”, “Servidão Humana”, “Histórias do Mares do Sul”;  74. André Maurois, “Liautey”,“Os Silêncios do Coronel Bramble”; 75. Karl May, “Winnetou”; 76. Herman Melville, “Moby Dick”; 77. Charles Morgan, “A História do Juiz”; 78. Thomas Merton, “Homem Algum É uma Ilha”; 79. Henry Miller, “Tempo dos Assassinos”, “Sexus”, “Plexus”, “Nexus”; 80. Walter M. Miller Jr, “Um Cântico para Leibowitz”; 81. Jacques Monod, “O Acaso e a Necessidade”; 82. Bernard D. Nossiter, “Os Criadores de Mitos”; 83. Chad Oliver, “Fronteiras da Eternidade”; 84. George Orwell, “1984”; 85. Raphael Patai, “O Mito e o Homem Moderno”; 86. L. Pauwell, & J. Bergier, “O Despertar dos Mágicos”; 87. Platão, “Diálogos: Menon, Banquete, Fedro”; 88. Afrânio Peixoto, “Fruta do Mato”, “Bugrinha”; 89. Edgar Allan Poe, “O Assassinato da Rua Morgue” e “O Corvo”; 90. Marcel Proust, “Em Busca do Tempo Perdido”; 91. Ellery Queen, “O Mistério dos Sapatos Holandeses”; 92. Daniel Quinn, “Ismael”; 93. Michel Quoist, “Poemas para Rezar”, “Construir o Homem e o Mundo”; 94. Graciliano Ramos, “Vidas Secas”; 95. Hans Reinhard Rapp, “Cibernética e Teologia”; 96. Joseph Ratzinger, “O Que É Ser Cristão”; 97. José Lins do Rego, “Menino de Engenho”; 98. Darcy Ribeiro, “Maira”, “O Povo Brasileiro”, “Migo”, “Utopia Selvagem”, “Eros e Tanatos”; 99. Henri Robert, “Os Grandes Processos da História”; 100. Herberto Sales, “Cascalho”; 101. Affonso Romano de Sant’Anna, “Drummond o Gauche no Tempo”; 102. Milton Santos, “Por uma Outra Globalização”; 103. José Saramago, “O Evangelho Segundo Jesus Cristo”; 104. William Shakespeare, “Obra Completa”; 105. Simon Singh, “O Último Teorema de Fermat”; 106. Pieter Smulders, s.j. , “A Visão de Teilhard de Chardin”; 107. John Steinbeck, “As Vinhas da Ira”; 108. Stendhal, “O Vermelho e o Negro”; 109. Robert Louis Stevenson, “A Ilha do  Tesouro” e “O Médico e o Monstro”; 110. Jonathan Swift, “As Viagens de Gulliver”; 111. Mortimer Taube, “Os Computadores, o Mito das Máquinas Pensantes”; 112. Valfredo Tepe, “O Sentido da Vida”; 113. Henry David Thoreau, “Walden ou A Vida nos Bosques”, “A Desobediência Civil”; 114. Leon Tolstoi, “Guerra e Paz”; 115. Mark Twain, “As Aventuras de Tom Sawyer”, “O Príncipe e o Mendigo”; 116. Stewart L. Udall, “A Crise Silenciosa”; 117. Érico Veríssimo, “Olhai os Lírios do Campo”; 118. Júlio Verne, “A Volta ao Mundo em Oitenta Dias”, “Miguel Strogoff, o Correio do Czar”, “Vinte Mil Léguas Submarinas”, “Viagem ao centro da terra”; 119. H. G. Wells, “A Guerra dos Mundos”; 120. Morris West, “O Herege”, “As Sandálias do Pescador”, “O Verão do Lobo Vermelho”; 121. Norbert Wiener, “Cibernética e Sociedade”; 122. Oscar Wilde, “O  Retrato de Dorian Grey”;  123. Émile Zola, “Germinal”, “Eu Acuso”; 124. Stefan Zweig, “Brasil, País do Futuro”. 

Vale assinar que outras obras dos autores elencados fazem parte do acervo de leituras que edificaram e deleitaram quem este escreve.                                                                                            

Há, no âmbito político, dois importantes nomes de pessoas bem conhecidas que, por uma questão de justiça, se não  pode deixar de mencionar, seja pela influência exercida por uma delas quer pela admiração que ambas conquistaram: Virgildásio de Senna, prefeito municipal da Cidade do Salvador, eleito em 1962 pelo voto popular e deposto em Abril de 1964 pela ditadura militar, por acirrado indigitamento e perseguição política de ACM; e Chico Alencar, deputado federal pelo PSOL/RJ, por três vezes consecutivas eleito, pelos jornalistas que cobrem o Congresso Nacional, o melhor deputado federal do Brasil, cujo mandato recebe acompanhamento virtual com constância e atenção.

Na caminhada do autor, dois períodos fazem jus a assinalamento: o que medeia entre o segundo quadrimestre de 1969 e o último de 1980, e o que se lhe segue de imediato, compreendido entre o segundo semestre de 1981 e meados de 1987. O primeiro engloba as atividades de evangelização de jovens e adultos na Arquidiocese de São Salvador da Bahia, quando foi dado ao autor conhecer em pessoa as figuras imponentes de Dom Eugênio Sales e Dom Avelar Brandão Vilela, e a de conviver com pessoas inesquecíveis de religiosos católicos como Dom Valfredo Tepe, Padres José Marins, Albertino Carneiro, Gardenal, Bértoli, Kelmendi, teólogo Cláudio Perani, outros,  a par com companheiros leigos incomparáveis a começar por Bila e Jorge Lepikison, Elisa e Calmon de Passos, Carmita e Hermann Overbeck, Rute e Renato Mesquita, Vasco Neto, Wilde Lima, Erwin Morgenroth, Paulo Segundo da Costa, um veterano colega de profissão, Júlio César Alban, o Topo Gigio, Rufino, Alexandre, e tantos outros cujos nomes se perdem nas brumas insondáveis da memória profunda. O outro marca as atividades politicopartidarias do autor no PT - Partido dos Trabalhadores, aonde ingressou levado pelas mãos de José Sérgio Gabrielli, com quem ajudou a construir e a consolidar o partido na Bahia.  Nesta tarefa, executada com êxito, contou ainda com a convivência de numerosos companheiros, entre os quais é justo nomear Jorge Almeida, o Macarrão, Jaques Wagner, Genildo Batista, "in memoriam", Franklin de Oliveira Jr, a Galega, Jaime Cunha, Henrique Almeida, o Labareda, Janete Oliveira, Luiz Eugênio, Edival Passos, Regina e Renato Affonso de Carvalho, Jorge Solla, Cristina e Paulo Balanco, Paulo Pontes, Sérgio Miranda,  Plínio, Geravina Aguiar e muitos outros. Cabe registrar as candidaturas assumidas: a Senador, 1982, com participação  em memorável debate televisivo com Luiz Vianna Filho e Waldir Pires; a Vice-Prefeito de Salvador, 1985, em chapa com Jorge Almeida; a deputado estadual, 1986.

É este conjunto, complexo e multifacetado, de leituras, relacionamentos, atividades, ações, fatos da vida, que compõe a chamada “Universidade da Vida” e é nele que se assenta o conhecimento e emerge a sabedoria. No fim deste arrazoado, de viés algo autobiográfico, e a titulo de justificativa, parece oportuno dizer que o conhecimento é um processo iterativo das lições da vida, de aceitação, rejeição, acumulação,  enquanto a sabedoria é o resultado de um processo de seleção, assimilação, e interiorização do conhecimento.

“A vida é uma sucessão ininterrupta de momentos de duração variável”. 

“Quanto mais se sabe que se sabe, mais se sabe que se sabe pouco, muito pouco”.

Guimarães, S. V.

Acréscimo à listagem de escritores, não mais em ordem alfabética, que deixaram de ser nomeados  por falha de memória: 125. Edmond Rostand, "Cyrano de Bergerac"; 126. Edgar Morin, "Os Sete Saberes Necessários à Educação do Futuro". 

 

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Ajedrez con Fundamentos: Lasker: El rey eterno del ajedrez

Ajedrez con Fundamentos: Lasker: El rey eterno del ajedrez

Desde muito cedo, talvez aos 18, pois comecei a mejer los trebejos a los 16 aninhos de idade, me encantei com o jogo de Em. Lasker, ao acompanhar suas partidas em "Tratado General de Ajedrez", de Roberto Grau, el grán campeón de Argentina na primera mitade del siéculo XX. O estudo de suas partidas, inclusos as com os más grandes mestres da época, Tschigorin, Steinitz, Capablanca, "the perfection in chess", Alekhine, el grán campeón del mundo, Mikhail Botvinnik, Nimzovich e muitas outras, contribuiram de forma ponderável para que realizasse duas façanhas, guardadas as devidas proporções: alcançar a primeira categoria do xadrez baiano em 1951 e conquistar o campeonato absoluto da Bahia sete avos após. Tomando o título de um já por vinte anos seguidos campeão. Adotei Em. Lasker como meu paradigma a quem, mais tarde, juntei Botvinnik. Fica claro assim porque endosso este texto.

Desde muito cedo, talvez aos 18, pois comecei a mejer los trebejos a los 16 aninhos de idade, me encantei com o jogo de Em. Lasker, ao acompanhar suas partidas em "Tratado General de Ajedrez", de Roberto Grau, el grán campeón de Argentina na primera mitade del siéculo XX. O estudo de suas partidas, inclusos as com os más grandes mestres da época, Tschigorin, Steinitz, Capablanca, "the perfection in chess", Alekhine, el grán campeón del mundo, Mikhail Botvinnik, Nimzovich e muitas outras, contribuiram de forma ponderável para que realizasse duas façanhas, guardadas as devidas proporções: alcançar a primeira categoria do xadrez baiano em 1951 e conquistar o campeonato absoluto da Bahia sete avos após. Tomando o título de um já por vinte anos seguidos campeão. Adotei Em. Lasker como meu paradigma a quem, mais tarde, juntei Botvinnik. Fica claro assim porque endosso este texto.

sábado, 29 de outubro de 2011

MITO. DEMOCRACIA. CAPITALISMO.

1. Os mitos, entendidos como “representação de fatos e/ou personagens históricos, com frequência deformados, engrandecidos pelo imaginário coletivo e longas tradições literárias, orais e/ou escritas; fábula, lenda”, como está em Houaiss, estão presentes na caminhada da Humanidade e lhe são essenciais, a começar pelos dois que buscam definir a origem do Universo: os mitos da criação e da não criação. Não há cultura sem a existência desses dois mitos, tentativas de encontrar resposta à pergunta crucial sobre a origem do universo.  Indaga-se: o universo foi criado em um determinado momento? Ou é eterno, infinito, sem começo e sem fim? Defendo esta última hipótese.


Os mitos da criação podem ser reunidos em três grupos: os mitos com Ser Ativo, o Criador; os mitos em que a criação resulta da tensão entre Ordem x Caos, Ser x Não Ser; e os mitos em que a criação emerge do Não Ser, do nada o tudo é criado. Os mitos da não criação podem ser assim agrupados: os mitos em que o universo é eterno, infinito, sem começo e sem fim; e os mitos em que o universo é rítmico, circular, a se destruir e de novo construir em cada ciclo. Fico com o primeiro subgrupo.

O mais conhecido e antigo mito da criação, na civilização ocidental cristã, é o narrado no Gênesis, em que Deus criou o mundo em sete dias e também criou Adão e Eva, e os deixou no Paraiso, o Jardim do Éden, com a Árvore do Fruto Proibido e a Serpente. O talvez mais recente, mas ainda pouco conhecido, é o mito do Big Bang, originado no campo da Ciência, em que o universo nasceu da explosão de um átomo inicial. Mesmo que não saibam dizer onde estava esse átomo e de que era constituído. Outros mitos existem, muitos de conhecimento generalizado.


Bem divulgados são Odin e Thor, os deuses vikings da mitologia escandinava, reinantes no Valhala, onde ocorriam as cavalgadas das valquírias, chefiadas por Freya. E também os deuses da antiga Grécia, moradores do Olimpo, Zeus e sua corte. Entre eles se conta o mito de Prometeu que, por haver roubado o fogo aos deuses para o dar aos homens, foi acorrentado no cume do monte Cáucaso, onde seu fígado era todo dia bicado e destroçado por  uma águia, e todo dia se regenerava, castigo que deveria durar 30.000 anos, ainda não consumados. Há o famoso “mito da caverna” de Platão, muito atual em nossos dias, de pessoas viciadas pela assistência de programas na televisão. E assim chega a vez do que se pode chamar de “mito da democracia grega”. Porque mitos também podem ser entendidos como “histórias que procuram viabilizar ou reafirmar sistemas de valores, que não só dão sentido a nossa existência como também servem de instrumento no estudo de uma determinada cultura”, segundo o mesmo Houaiss. 


No Brasil mesmo, aliás, entre tantos outros mitos, o do Eldorado e o das amazonas, intrépidas mulheres guerreiras que montavam cavalos tal as valquírias germanoescandinavas, há um mito atual, político, o “mito Lula”. Sim, porque quando se fala do presidente Lula, não se fala da pessoa, do retirante nordestino em pau de arara, do operário, do político, do cidadão, está se tratando na realidade do mito Lula. Enfim, a humanidade está grávida de mitos que, em suas mais diversas épocas, explicaram sua trajetória. 

                “Pois o grande inimigo da verdade muitas vezes não é a mentira  - deliberada, forjada, desonesta -  mas o mito, persistente, persuasivo e desligado da realidade.”
 
                                               John F. Kennedy, citado em “Os Criadores de Mitos”, de Bernard D. Nossiter

2. Berço da civilização ocidental, a Antiga Grécia o é também da democracia. De demos, povo, e kracia, governo. Governo do povo. Mas era uma democracia sui generis, peculiar, porque nela não tomavam parte as mulheres, os estrangeiros e os escravos. E não era uma democracia representativa, mas direta, por que todos os cidadãos varões dela participavam, decidiam e votavam. Em Atenas, onde surgiu pela primeira vez, os cidadãos se reuniam na Ágora, a praça central da cidade, para conviver, travar as discussões políticas e participar dos tribunais populares, cada um com igual voz e direito a voto. É bem sabida a história do julgamento de Sócrates, condenado a beber cicuta, a morte por envenenamento.  Ainda que dada como modelo de governo, a democracia grega era bem diversa de nossa badalada pseudademocracia representativa.


Pode-se atribuir a origem da democracia representativa aos ideais libertários que fundamentaram a revolução americana de 1776 e repercutiram depois na revolução francesa de 1789, na “Queda da Bastilha”. Doze anos após a libertação das treze colônias do jugo inglês, domínio do Reino Unido, uma Convenção Constitucional foi convocada para dar nova forma de governo aos treze estados surgidos com a independência. Foi nas discussões dessa convenção que se gerou a atual constituição dos EUA, sendo lançadas as bases da democracia representativa, tal como a conhecemos hoje, e que bem poderia ser batizada, com justiça, de "democracia americana". O sistema uma cabeça um voto, três poderes independentes e harmônicos e um conjunto de contrapesos para proteger os estados mais fracos e defender os direitos das minorias, foram ali definidos e estabelecidos. Em setembro de 1787, o documento foi apresentado e só afinal ratificado em Junho de 1788. O novo governo começou com a posse do primeiro presidente, George Washington. Não se pode deixar de assinalar que essas ideias beberam na fonte da “Teoria da separação dos poderes”, de Montesquieu, exposta em sua famosa obra “Do Espírito das Leis”, 1748.

"Não há socialismo sem democracia
e não há democracia sem socialismo."

Lido pelo autor algures

3. O capitalismo de nossos dias originou-se no séc. XVIII, apoiado nas ideias de um filósofo moral escocês, Adam Smith, que, ao procurar resolver a questão entre a criação da riqueza e a necessidade de aplicação da benevolência aos desprovidos, criou a economia e pôs fim à moralidade.  Adam Smith assentava sua tese na afirmativa de que era o interesse próprio egoístico, “self interest", que criava a riqueza das nações, o crescimento econômico e a inovação da tecnologia.


Kenneth Lux mostra, apoiado em exemplos da atividade econômica dos EUA no séc. XX, em “O erro de Adam Smith”, interessante livrinho com o inaudito subtítulo “De como um filósofo moral inventou a economia e pôs fim à moralidade”, mostra, repito, a falência da tese do “interesse próprio” como móbil da riqueza das nações, do crescimento econômico,  da inovação na tecnologia. Para explicar sua tese, Adam Smith inventou dois “artifícios”: os mecanismos da “livre competição” e da “mão invisível”, para controlar o funcionamento do mercado, controle hoje sabido inviável. O capitalismo, surgido com o nome de liberalismo econômico, o “laissez faire” dos franceses, é hoje bem mais conhecido pelos nomes correntes de neoliberalismo, mercado, consumismo, e globalização financeira. Entre os males a que deu origem em seu desenrolar, pode-se destacar este: “Os EUA criaram, através do “padrão dólar”, o mundo à sua imagem e semelhança: consumismo, miséria, espetáculo cultural, racismo, especulação financeira, violação dos direitos humanos, reality shows, filas nos hospitais”. Criação que, desde a crise de 2008, mais não conseguem manter de pé. Quando se diz “Os EUA”, se está falando de capitalismo, ou de sistema capitalista. “C’est la même chose” i.é. dá no mesmo. Tradução livre do autor para a expressão idiomática francesa usada.


As caraterísticas do capitalismo, enquanto apenas um sistema de organização econômica, se revelaram insuficientes para manter a dominação e na contingência de criar uma garra política, que mais fácil tornasse manter a hegemonia, e até hoje, mutatis mutandis, a dominação opressora e a exploração predatória. A escolha recaiu na “democracia americana” representativa, de  “cada cabeça um voto”, como o sistema de organização política que melhor atingiria o objetivo a que se propõe. Depois foram surgindo, criados com a mesma finalidade, mais dois tentáculos, a garra social do consumismo insensato e a garra cultural do sucesso pessoal, que, entre outros malefícios, gerou o aparecimento do “amor líquido”, descompromissado e efêmero, descartável. A tentativa de sobrevivência do sistema, decorrente da resistência cada vez maior dos oprimidos, explorados. desvalidos, marginalizados e excluidos, com manutenção do jugo,  não conseguiu obstar a grande crise de 2008, de grandeza maior que a do “crack” de 1929. Crise considerada terminal do capitalismo, na abalizada avaliação do dedicado estudioso Leonardo Boff, em recente artigo. Tese que vem sendo corroborada pela divulgação dos fatos econômicos recentes e está fundada no simples motivo de que o Planeta Azul, Gaia, a Mãe Terra, está exaurida e mais não há que possa ser depredado pelo capitalismo, sistema cruel, desumano, perverso de organização econômica, política, social e cultural.


“O capitalismo é intrinsecamente mau. É mau em si mesmo.
Porque nele não há lugar para o Amor. 
Nem para a Justiça e a Paz.”
“A paz é obra da justiça e fruto do amor.
Sem amor não há justiça e sem justiça não pode haver paz.”

Guimarães S. V.

"O Socialismo é a tentativa de a humanidade superar e
sobrepujar a fase predatória da evolução humana."

Albert Einstein 

 Agora fica fácil entender o porquê de Lenin haver batizado de “ditadura do proletariado” ao primeiro estágio do processo de tripla fase para se chegar ao comunismo, em oposição à “ditadura da burguesia” como bem assim chamava as pseudos democracias representativas então vigentes na Alemanha, Inglaterra, França, Itália e outras, sem olvidar os EUA, pai dessas falácias no séc. XVIII. Sugiro que releiam, com atenção, DITADURA DO PROLETARIADO E DITADURA DA BURGUESIA, postado em Agosto de 2010.


Termino me escusando pela enormidade do post, era necessária esta extensão, mantida a indispensável concisão e, também, pela demora no cumprimento do prometido, por força de circunstâncias além do previsível, do esperado, dentro do conteudo e contexto explicitados pelo princípio da incerteza, que orienta e rege a vida.